sexta-feira, 22 de junho de 2018

A Garota Que Sujou Meu Tênis

O amontoado de pessoas correndo para chegarem em seu local de trabalho, faculdade ou colégio. Usavam terno, gravata, uniforme e roupas casuais. Sempre apressados, cansados, pontuais ou atrasados, nunca tendo tempo para descanso ou para diversão com a família. Eu já não, tenho tempo de sobra, mas ninguém para passar esse tempo comigo, então me tornei uma observadora, sentada em um banco simples de madeira, na rua principal do centro, um bom lugar para olhar o movimento, ainda mais se for em horário de almoço, uma correria imensa. Hoje algo horrível aconteceria, um acidente que acabaria com tudo isso. Olhei meu relógio de pulso, o acidente aconteceria às 13:00 e ainda eram 12:50. Um casal se aproximava do trevo, consegui vê-los ao longe. Olhei para a rua da esquerda, nada ainda. Observei o homem gentil da loja de doces limpando a vitrine, era um ótimo dia. O sol brilhava, era sexta-feira, algumas pessoas andavam pela praça com seus animais, realmente um dia muito bonito. Conferi o horário, 12:59. Olhei para a praça e me levantei. A garota já estava lá, atravessando a rua. Ouvi o ônibus, sem controle. Corria, sem freios. A garota olhou, tarde demais. 13:00. O ônibus bateu contra ela, jogando-a longe e parou ao bater em um grande prédio, que ainda estava em construção. 13:05 já era possível ouvir a ambulância e a polícia. O corpo da garota, ainda com vida, estava em meus pés, sangrando. O vermelho vivido de seu sangue sujava meu tênis branco. Me abaixei e acariciei os cabelos dela, tão inocente, tendo tanto para viver. Seus olhos estavam abertos, me observando assustada.
      Fui junto com ela para o hospital, não podia deixá-la agora, pois sobreviveria. Segurei sua mão, estava fria e quase sem cor, perdera muito sangue. Vi um sorriso se formando para mim, até que seus olhos se fecharam.
Natália - 9A

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