quarta-feira, 20 de junho de 2012

Incertezas!!!


A receita de Machado de Assis é infalível: traição, pessimismo, triângulos amorosos, ironia. Digno de qualquer produção contemporânea, “Dom Casmurro” conta a história de Bentinho, Capitu e Escobar. Triângulo amoroso, que se torna mais interessante pela incerteza da traição. Por ser em primeira pessoa, tem todo o peso da imparcialidade, de ser narrado por um homem fraco, inseguro, desconfiado, que conta os fatos de acordo com sua visão, leitores desavisados condenarão a esposa, mas é preciso um segundo olhar, uma análise mais cuidadosa desse narrador/personagem, que transtornado pela ideia de traição, descreve uma Capitu dissimulada.

 Obsessivo com a ideia de traição, Bentinho torna-se um homem amargo, rancoroso, sem amigos, incapaz de amar o próprio filho. Quando o amigo, e possível amante, Escobar, morre no mar, Capitu se descontrola e chora muito, fato que, para o protagonista, torna-se a certeza do adultério. A dúvida, que se instala também nos leitores, é a grande protagonista, pois se houvesse a certeza do envolvimento entre Escobar e Capitu, o livro não seria uma das melhores histórias do século XX.

Considerado um dos melhores romances de Machado, em sua segunda fase, Dom Casmurro, sobrepõe-se ao momento histórico e exerce um fascínio permanente, pois pela trama em que são envolvidos os personagens tornou-se uma obra atemporal.

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