O professor e escritor
Jeferson Bandeira, nos presenteou com uma linda palestra. O
curitibano nos apresentou suas obras e nos deu uma boa aula sobre
literatura, grande parte de suas obras podem ser encontradas na
internet. Jeferson é um autor independente, que se arriscou e bancou
todas suas obras, o livro “agonias ilustradas” é um dos mais
recentes.
Nesta entrevista,
Jeferson falou um pouco sobre suas obras, sobre suas criações e sua
profissão.
Recentemente, você lançou um livro chamado "Est'gmas", disponível no site da "Liga dos Autores Free". E agora, você está trabalhando em novos projetos?
Então, a gente nem bem
batiza um novo “filho” e já vai preparando outro. O desejo de
escrever parece que não se esgota. É como uma febre rara que
carrega em si o veneno e o antídoto em dose equiparada, e só
precisamos saber controlar e equilibrar ambas taxas, que sempre se
alteram, muitas vezes sem que a gente saiba. O bom é que podemos
engavetar o livro, não é um produto perecível, não precisamos
temer que se estrague. Basta que o deixemos germinando, madurando,
envelhecendo como o vinho, até que julguemos achá-lo arrematado
para ser sorvido. Lógico que um livro nunca está/estará pronto, é
feito a própria vida, sempre se encerra, chega ao ponto final em
pleno processo, sem nunca se concretizar por completo.
Estou em processo de
finalização de um novo livro de micronarrativas, novamente uma
aposta no suporte literário. Não sei se estará “pronto” para o
ano que vem, tudo depende de muitos fatores. Além disso, comecei a
selecionar alguns poemas para tentar trazer à luz a ideia de um novo
livro em versos. Este projeto será mais demorado e complexo que o
outro, visto que preciso retomar em mim a veia poética, exercício
que não é nada fácil. Meu último livro foi de poemas, mas o havia
rascunhado em 2006, não precisei escrever mais nenhum texto, apenas
reformular os já escritos.
Ser escritor no Brasil
não é fácil, pois há alguns escritores consagrados, e não se
abre para novos escritores. Você, sendo um autor independente, sente
falta de apoio por parte das editoras?
Há
prós e contras na produção independente. Enviei material para
análise de uma editora apenas uma vez. Muitos dizem que a produção
independente não é boa, como se desmerecesse a imagem do escritor.
Quanto a isso prefiro não opinar, o feitiço pode se virar contra o
feiticeiro. Sempre penso em buscar uma editora, mas toda vez acabo
bancando a produção de um novo livro, vai saber o que me passa na
cabeça. Um dia quem sabe eu saiba, e possa responder com maior
precisão a essa pergunta. E para ilustrar, escrevi um, digamos que,
“breve desabafo”: “não
me prendo a luz e holofotes. Prefiro o banho da lua; e das estrelas,
os motes”. Algo que muitas vezes uma editora consegue ou pode lhe
tirar.
Você lançou o livro
“Agonias Ilustradas” com as páginas no modelo de cartas de
baralho, como surgiu esta ideia?
Resolvi
fazer uma aposta no suporte literário. A partir de então, comecei a
testar possíveis formas para o livro. Entre elas, a maioria era
inviável financeiramente, ou sem muita expressão. Foi então que me
veio a possibilidade de criar um livro-baralho, a qual rompia com os
dois impasses apresentados acima. A forma de caixinha de baralho não
é gratuita, sem significação. O livro foi pensado como um todo,
cada parte se interliga para completar a ideia final: título,
formato, cartas, baralhos. O fato de ser um suporte literário
aproxima-o do lúdico, pois pode ser levado para um churrasco, um
encontro, e quem sabe presenteado a algum aficionado por jogo de
cartas, como acredito que já tenha acontecido. A proposta do suporte
literário é justamente essa: aproximar o livro de novos leitores.
Sem apoio e sem
patrocínio, foi muito difícil publicar um livro?
Imatura e impulsivamente
falando, não. Bastou separar uns poemas, juntar um dinheiro para
poder bancar a produção independente de um livro artesanal e buscar
alguém para confeccioná-lo. Foi assim que cheguei até o escritor
Geraldo Magela, que produzia uma pequena tiragem, cerca de 100
exemplares, para escritores iniciantes. Com ele, produzi também o
segundo e terceiro livros. Do quarto em diante, apostei em tiragens
um pouco mais ousadas, por isso recorri a gráficas.
Muitos jovens têm o
sonho de ser escritor, que conselho você daria a esses sonhadores?
Que
não desista, acredite e confie, mas sempre “com a cabeça nas
nuvens e os pés no chão” (Humberto Gessinger). Quem almeja se
tornar um escritor deve, antes de tudo, se tornar um grande leitor.
Ninguém trabalha sem se alimentar, nem mesmo o relógio: tire a
pilha dele e veja o que acontece. Todo o ato de escrita deve estar
amparado por constantes atos de leitura. A inspiração não trabalha
de graça, não caia nessa falácia. Escreve bem quem antes aprendeu
a ler bem. Além disso, cada bom texto que lemos nos coloca na
obrigação de dar uma resposta a ele, que nada mais é do que um
estilo de produção literária. Estou há dez anos nesse processo de
produção independente, sou o escritor, o divulgador e o vendedor do
que produzo, e posso dizer que durante esse tempo venho colhendo
prejuízos e compensações, mas o lucrar ainda não despontou em meu
horizonte. Contudo, confesso que devo me orgulhar no fim das contas,
pois conheço a muitos que ainda nem chegaram ao posto das
compensações e seguem ceifando prejuízos, às vezes cada vez
maiores. Para finalizar, deixo outra dica, que julgo não poder
faltar: “Na vida não preciso
de diamantes: a escrita me ensinou a lapidar”.
Bom dia, ótima entrevista! Parabéns!! É bom conhecer mais, sobre a história de vida e planos do talentoso escritor Jeferson Bandeira.
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